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A maioria dos defensores do desenvolvimento sustentável reconhece a necessidade de mudanças nos valores, atitudes e comportamentos humanos, a fim de alcançar uma transição de sustentabilidade que atenda às necessidades humanas e reduza a fome e a pobreza, mantendo os sistemas de suporte à vida do planeta.

 

A mudança dos padrões de consumo dos indivíduos tem um potencial considerável para mitigar as mudanças climáticas, eu diria que vital. Em seus papéis como consumidores, investidores, participantes de organizações, membros de comunidades e cidadãos, os indivíduos afetam diretamente a oferta e a demanda de bens e serviços produtores de gases de efeito estufa.

 

Somente o consumo de residências particulares é responsável por cerca de 60% das emissões de gases de efeito estufa, no que tange a utilização dos recursos naturais esse porcentual é ainda maior. Os esforços para reduzir essas emissões, apesar de ter aumentado nos últimos anos, continuam sendo insuficientes para cumprir a meta de aumento de temperatura de 1,5° estabelecida no Acordo de Paris, portanto requer mudanças imediatas e fundamentais do comportamento individual e coletivo.

 

No entanto, o que se nota na prática é que muitos consumidores demonstraram atitudes positivas em relação ao consumo verde, no entanto, essas atitudes não necessariamente se traduzem em intenções ou comportamentos.

 

Existem vários estudos científicos que estudam essa faceta do comportamento humano que tem a ver com a lacuna entre intenção e atitude e, em geral, quase todos concluem que as razões para o consumo verde afetam as intenções apenas indiretamente por meio de atitudes, enquanto as razões contra o consumo verde impactam as intenções de forma direta, contornando as atitudes.

 

No entanto, o nosso objetivo aqui é menos científico, em especial porque esse tipo de análise passa por aspectos comportamentais, sociológicos e psicológicos, que não é o nosso foco, que é mais empírico. O objetivo, então, é analisar algumas das razões que levam a uma discrepância entre o que as pessoas intencionam e o que fazem quando o assunto é sustentabilidade.

 

Com certeza uma das barreiras para atitudes mais sustentáveis é o conhecimento, portanto, os governantes deveriam investir em massivamente em informar a população sobre as questões de sustentabilidade e, principalmente sobre os impactos causados por nossas atitudes no dia a dia, afinal como alguém pode mudar de atitude se desconhece diferentes alternativas?

 

Informar sobre diferentes alternativas inclui as vantagens de mudar, os impactos de continuar com o mesmo padrão de consumo, e o que vai acontecer se não as pessoas não mudarem o comportamento. Outro ponto que também deve ser ressaltado é custo das mudanças climáticas com secas prolongadas e falta de água, chuvas torrenciais e enchentes, incêndios florestais, entre outros fenômenos resultantes do aumento de gases de efeito estufa.

 

Além das informações sobre os impactos gerais das nossas atitudes, é fundamental que as empresas também adotem programas para informar adequadamente sobre os seus produtos e serviços, de forma a permitir aos consumidores avaliar os impactos em consumi-los. Uma possível razão para a discrepância entre atitudes ambientais e comportamentos do consumidor pode ser o conflito apresentado por alguns produtos prejudiciais ao meio ambiente. Por um lado, um produto pode oferecer benefícios importantes para os consumidores, como conveniência, desempenho ou bom preço, enquanto, por outro lado, pode ter custos ambientais severos. Por exemplo, pudins, sucos e frutas embalados de forma asséptica em porções individuais fornecem aos consumidores conveniência e controle de tamanho de embalagem, ao mesmo tempo em que contribuem substancialmente para o fluxo de resíduos sólidos.

 

Eu tenho a certeza de que você que está lendo esse material entende e se preocupa com os impactos causados pelo homem ao meio ambiente, portanto, responda a seguinte indagação: você estaria disposto a pagar 10% mais por um carro ecologicamente correto? A mesma resposta serve para mudanças de atitude em reduzir o tempo de banho, reduzir o gasto com ar-condicionado, e outros eletrométricos, isso prova o quanto a questão financeira afeta a decisão das pessoas em escolhas mais sustentáveis. Parece que o componente que mormente traz resultados é o financeiro, portanto, ações coordenadas de incentivo a quem reduz o consumo, ou penalizações para aqueles que incrementam o consumo podem ser um elemento chave para reduzir os impactos ao meio ambiente.