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Diferentemente do modelo linear, que se foca em produzir, vender, utilizar e descartar, a economia circular é um sistema econômico de ciclos fechados em que matérias-primas, componentes e produtos perdem seu valor o mínimo possível, as fontes de energia devem ser renováveis ​​e o pensamento sistêmico está no centro.

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https://www.rts.com/resources/guides/circular-economy/

 

Mais de 100 bilhões de toneladas de recursos entram na economia todos os anos – desde metais, minerais e combustíveis fósseis até materiais orgânicos de plantas e animais. Apenas 8,6% são reciclados e usados ​​novamente. O uso de recursos triplicou desde 1970 e pode dobrar novamente até 2050 se os negócios continuarem como de costume. Precisaríamos de 1,5 Terras para apoiar de forma sustentável nosso uso atual de recursos.

 

O modelo é sustentado por uma transição para energias e materiais renováveis. Uma economia circular dissocia a atividade econômica do consumo de recursos finitos. É um sistema resiliente que é bom para os negócios, as pessoas e o meio ambiente, pois é uma estrutura de solução de sistemas que aborda desafios globais como mudanças climáticas, perda de biodiversidade, resíduos e poluição.

 

Na prática trata-se de um modelo de produção e consumo, que envolve compartilhar, alugar, reutilizar, reparar, reformar e reciclar materiais e produtos existentes pelo maior tempo possível. Desta forma, o ciclo de vida dos produtos pode ser estendido. Se objetivo principal é reduzir ao mínimo os resíduos. Quando um produto chega ao fim de sua vida útil, seus materiais são mantidos dentro da economia sempre que possível. Estes podem ser usados ​​produtivamente várias vezes, criando assim mais valor, como mostrado na figura abaixo.

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Crédito da figura: www.rts.com/resources/guides/circular-economy/

Um fator importante na definição da economia circular, é que o ciclo sistêmico é composto por materiais biológicos e técnicos. Materiais biológicos são aqueles que podem reentrar com segurança no mundo natural, uma vez que tenham passado por um ou mais ciclos de uso, onde se degradam ao longo do tempo, devolvendo os nutrientes incorporados para o ambiente. Já os materiais técnicos não podem reingressar no ambiente. Esses materiais, como metais, plásticos e produtos químicos sintéticos, devem circular continuamente pelo sistema para que seu valor possa ser capturado e recapturado.

 

Uma sutileza particular da economia circular é a distinção entre consumidores e usuários. Em uma economia circular, os materiais biológicos são os únicos que podem ser pensados como consumíveis, enquanto os materiais técnicos são usados. Não faz sentido dizer que consumimos nossas máquinas de lavar e carros da mesma forma que consumimos alimentos. Esta é uma distinção sutil, mas importante, em como vemos nossa relação com os materiais.

 

Adicionalmente, a economia circular lança questionamentos sobre a necessidade de possuir produtos da forma que tradicionalmente fazemos. Que vantagem há em possuir uma furadeira quando você precisa apenas fazer dois furos na parede para pendurar um quadro? É o acesso ao serviço que um produto fornece que é importante, e não o produto em si. Compreender essa mudança de mentalidade estabelece as bases para muitos dos aspectos práticos de mudar nossa economia de linear para circular.

 

A mobilidade pode servir como um bom exemplo para reflexão. O compartilhamento de carros, de empresas como MyWheels e WeGo, significa que menos pessoas precisam comprar seus próprios carros. Isso reduz o uso de matérias-primas (reduzir). Se o motor de um carro estiver quebrado, ele pode ser consertado ou o chassi e o interior do carro podem ser usados ​​para fazer ou reformar outro carro (reutilização). Quando essas peças não podem mais ser reutilizadas, o metal, o tecido e o plástico das peças podem ser derretidos para que um carro novo possa ser feito (reciclagem).

 

Os benefícios potenciais da mudança para uma economia circular vão além da economia e entram no ambiente natural. Ao eliminar resíduos e poluição, manter produtos e materiais em uso e regenerar em vez de degradar os sistemas naturais, a economia circular representa uma poderosa contribuição para alcançar as metas de redução de impactos climáticos.

 

Os desafios da economia circular

Empresas, governos e cidadãos de todo o mundo reconhecem cada vez mais os desafios causados ​​por nossa abordagem “pegar-usar-descartar” à produção e ao consumo. Em 2019, mais de 92 bilhões de toneladas de materiais foram extraídos e processados, contribuindo para cerca de metade das emissões globais de CO2. Os resíduos resultantes – incluindo plásticos, têxteis, alimentos, eletrônicos e muito mais – estão afetando o meio ambiente e a saúde humana.

 

A economia circular, que promove a eliminação de resíduos e o uso contínuo e seguro dos recursos naturais, oferece uma alternativa que pode render até US$ 4,5 trilhões em benefícios econômicos até 2030.

 

Alcançar essa transição requer uma colaboração sem precedentes, já que hoje apenas 8,6% do mundo é circular, por isso, temos um longo caminho a percorrer. Mas, para provocar essa transformação, é necessário a mudança do modelo mental dos seres humanos como consumidores de recursos do planeta, portanto, não é um problema das empresas, mas de todos nós.

 

Não há solução simples e nada pode ser deixado de lado na busca da mudança do sistema. Modelos de negócios, design de produtos e serviços, legislação, práticas contábeis, planejamento urbano, práticas agrícolas, extração de materiais, fabricação e muito mais, todos atualmente têm qualidades indesejáveis ​​de uma perspectiva circular.

 

No entanto, não podemos mudar apenas um elemento do sistema existente e esperar a mudança de que precisamos. É necessária uma verdadeira cruzada envolvendo todos os componentes do sistema, incluindo mudanças de hábitos de consumo.

 

Benefícios da economia circular

O modelo linear usado desde a revolução industrial, segue um insano modelo linear de produção e consumo. Matérias-primas são transformadas em bens que depois são vendidos, usados ​​e transformados em resíduos, que muitas vezes, são descartados de maneira irresponsável.

 

A economia circular é um modelo industrial que é regenerativo por intenção e design e visa otimizar o desempenho dos recursos e mitigar os impactos que as alterações climáticas podem trazer para o planeta. Possui benefícios tanto operacionais quanto estratégicos e reúne um enorme potencial de criação de valor nas esferas econômica, empresarial, ambiental e social.

 

Menos emissões de gases de efeito estufa – Benefícios ambientais da economia circular

Um dos objetivos principais da economia circular é exercer um efeito positivo nos ecossistemas do planeta e combater a exploração excessiva dos recursos naturais. 

 

A economia circular tem enorme potencial para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e o uso de matérias-primas, otimizar a produtividade agrícola e diminuir os impactos negativos trazidos pelo modelo linear. Quando se trata de reduzir os gases de efeito estufa a economia circular pode ser útil:

 

  • Porque utiliza energia renovável que a longo prazo é menos poluente que os combustíveis fósseis.
  • A reutilização e desmaterialização implica na necessidade de menos materiais e processos de produção mais eficientes para fornecer produtos de boa qualidade e funcionais.
  • O reaproveitamento dos resíduos é parte importante do processo porque são vistos como valiosos.
  • O processo de produção emprega preferencialmente materiais energeticamente eficientes e não tóxicos, facilitando e tornando os processos de reciclagem muito mais eficientes.

 

Solos Saudáveis ​​e Resilientes – Benefícios Ambientais da Economia Circular

Os princípios da economia circular nos sistemas agrícolas se focam em: (1) otimizar os espaços produtivos com consequente melhora de produtividade e (2) reciclagem de material orgânico.

 

Embora muitos esforços venham sendo feitos para melhorar a produtividade de áreas agrícolas agricultáveis, ainda estamos longe de alcançar resultados expressivos. Desde a produtividade por hectare, passando por técnicas mais adequadas de irrigação, até o armazenamento o transporte mais eficiente, precisam de um salto de qualidade. Falando do uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, existe um mundo de oportunidades.

 

A reciclagem de material orgânico garante que nutrientes importantes sejam devolvidos ao solo por meio de processos anaeróbios ou compostagem, o que ameniza a exploração da terra e dos ecossistemas naturais. Dessa forma, à medida que os “resíduos” são devolvidos ao solo, além de ter menos resíduos para tratar e gastar menos energia, o solo fica mais saudável e resistente, permitindo um maior equilíbrio nos ecossistemas.

 

Técnicas mais apuradas de uso do solo também é um segmento com enorme potencial, como evitar queimadas e reaproveitamento do material orgânico produzido pela própria cultura.

 

Menos externalidades negativas – Benefícios ambientais da economia circular

Seguindo os princípios da economia circular, as externalidades negativas como o uso da terra, a poluição do solo, da água e do ar são mais bem gerenciadas, assim como a emissão de substâncias tóxicas e as mudanças climáticas. Reduzindo esses impactos, haverá maior equilíbrio dos ecossistemas e consequentemente menos emissão de gases do efeito estufa.

 

Maior potencial de crescimento econômico – benefícios econômicos da economia circular

Diversos estudos têm demonstrado que o crescimento económico não é diretamente dependente do aumento no consumo de recursos. Portanto um dos aspectos da economia circular é focar na produção mais barata e produtiva, independentemente do setor, associada ao uso racional de recursos através da utilização de materiais mais baratos e reutilizáveis. Claramente ao focar nesses aspectos o crescimento econômico se torna viável em um sistema mais equilibrado de consumo de recursos naturais.

 

Diferentemente do modelo de economia linear, onde a crescimento da população implica diretamente no aumento do consumo de recursos por conta do aumento da demanda, a economia circular tem um grande potencial de redução de recursos, como matéria prima, energia, água, dentre outros, devido a modelos produtivos mais eficazes.

 

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